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Será que somos dependentes… de prazer???

Ora aqui fica mais um artigo de Verão… nesta altura em que apetece tudo e mais alguma coisa, um sol na praia, uma noite na discoteca, aquelas jantaradas com amigos, cantar e dançar até a força acabar, enfim… tudo em busca desse hedónico prazer.
Mas será isso uma dependência??
Num estudo de Ersche et al. (2011) publicado na revista Brain (Artigo Original) encontraram-se correlatos de que os sujeitos dependentes de cocaína têm a estrutura corticostriatal anormal. Esta estrutura, diretamente correlacionada com os sistemas dopaminérgicos, tem influência nos processos de tomada de decisão e na percepção de prazer.
Mas a grande descoberta foi que os sujeitos dependentes perdem matéria cinzenta na parte frontal está diretamente relacionada com uma maior compulsão do consumo (explicando as potenciais overdoses, como teoricamente aconteceu com Amy Winehouse RIP).
A questão por outra via, é que esta substância cinzenta aumentou nos gânglios da base, o que sugere uma mudança nos padrões de recompensa, tal como acontece nos casos de recompensa pelo prazer. Mas uma das questões é a recompensa por estar em vida social, porque nos dá isso prazer? E teremos o mesmo prazer todos?
Outro estudo interessante publicado na FASEB, por Avale et al. (2011), indica que os receptores nicotínicos têm um papel fundamental na interação social e no processo de tomada de decisão motivacional. No estudo com ratos, os que tinham carência do receptor nicotínico (os fumadores), mostravam uma maior tendência à interação social e uma maior busca de novidade, mais uma vez uma atividade altamente regulada pelos circuitos dopaminérgicos.
Coria-Ávila et al. (2008), num artigo publicado na Revista de Neurologia (Artigo Original), encontraram evidências que as preferências condicionadas por sexo ou por drogas têm semelhanças, pois em ambos os processos existe um associação de mudança do estado fisiológico e subjectivo denominada por recompensa com estímulos ambientais, induzindo assim a formação de preferências aprendidas. Estes dados levam-nos a pensar que tanto a nossa preferência do/a parceiro/a que surgem depois de encontros sexuais ou consumo repetido de drogas, dependem, pelo menos em parte, do condicionamento clássico que ocorre pela associação de estímulos condicionados e de recompensa.
Além do mais, neste processo ativam-se áreas cerebrais mesolímbicas que dependem dos mesmos neurotransmissores (dopamina, opióides, oxitocina, entre outros). Assim, os autores sugerem que as preferencias condicionadas por drogas utilizam mecanismos cerebrais envolvidos na recompensa sexual, mecanismos estes que são muito importantes e que se ativam para detectar e aprender a procurar estímulos sexuais, importantes para a sobrevivência e reprodução.
Bem… então se os mecanismos de prazer associados às adições (álcool, tabaco, drogas, etc…) são os mesmos que os ligados aos prazeres (sociais, sexuais, musicais, entre outros), estimulando a libertação de neurotransmissores como a dopamina e a serotonina, questiono eu:

“Seremos nós dependentes… de prazer???”

Como seres hedónicos, procuramos o prazer… trabalhamos em função de recompensas… precisamos de sofrer… e de ter o reverso da medalha… o prazer!!
Mas o que não fazemos nós do ponto de vista ontológico que não preze a busca do mais interno PRAZER??? Não serão todas as nossas células “interesseiras” buscando prazer? Eu creio que sim… que o segredo está (não apenas, mas em grande parte) na estimulação do prazer… seja do nosso cliente… seja do nosso/a parceiro/a… seja do nosso chefe… seja do mendigo que ajudamos…
Enfim… seja do prazer que proporcionamos a nós mesmos tornando-nos melhores…
E assim, seremos melhores vendedores… parceiros… colaboradores… pessoas…
Então o segredo da Dopaminecision é ser feliz e ter prazer na vida… e proporcionar o mesmo ao nosso meio envolvente!!! Aplica-se aqui o refrão da música: “Don’t worry… be happy!”

Por Fernando Rodrigues

 

5 comentários em “Será que somos dependentes… de prazer???”

  1. Já Fernando Pessoa dizia
    ” Ser feliz não é apenas valorizar o sorriso, mas refletir sobre a tristeza. Não é apenas comemorar o sucesso, mas aprender lições nos fracassos. Não é apenas ter júbilo nos aplausos, mas encontrar a alegria no anonimato.
    Ser feliz é reconhecer que vale a pena viver, apesar de todos os desafios, incompreensões e períodos de crise.
    Ser feliz é deixar de ser vítima dos problemas e se tornar um autor da própria história. É atravessar desertos fora de si, mas ser capaz de encontrar um oásis no recôndito da sua alma.
    Ser feliz é não ter medo dos próprios sentimentos. É saber falar de si mesmo. É ter coragem para ouvir um “não”. É ter segurança para receber uma crítica, mesmo que injusta.
    Ser feliz é deixar viver a criança livre, alegre e simples, que mora dentro de cada um de nós. É ter maturidade para falar “eu errei”. É ter ousadia para dizer “perdoa-me”. É ter sensibilidade para expressar “eu preciso de você”. É ter capacidade de dizer “eu amo-te”. É ter humildade da receptividade.
    Desejo que a vida se torne um canteiro de oportunidades para você ser feliz… E, quando você errar o caminho, recomece, pois assim você descobrirá que ser feliz não é ter uma vida perfeita, mas usar as lágrimas para irrigar a tolerância.
    Usar as perdas para refinar a paciência.
    Usar as falhas para lapidar o prazer.
    Usar os obstáculos para abrir as janelas da inteligência.
    Jamais desista de si mesmo.
    Jamais desista das pessoas que você ama.
    Jamais desista de ser feliz, pois a vida é um espetáculo imperdível, ainda que se apresentem dezenas de fatores a demonstrarem o contrário.
    Pedras no caminho? Guardo todas… Um dia vou construir um castelo! ……

    1. Muito giro este poema, mas penso que não pertence a Fernando Pessoa… não é bem a escrita dele, penso que será de Drummond de Andrade… Porém aplica-se na perfeição à estória da Felicidade!!! Obrigado pela partilha Cátia!!!

      1. De facto são vários os criticos que referem que este mesmo poema, não é de autoria de Fernando Pessoa, contudo, quanto à sua “pertença” original, penso que ainda se encontra em discussão. Acho que independentemente do autor principal, nos deveremos cingir à mensagem principal do poema e da respectiva correlação existente entre o artigo publicado e a mensagem por detrás do poema, que no meu entender vai ao encontro dos estudos publicitados. Gostei muito do artigo e penso que é muito pertinente…É um estudo que todos nós deveríamos ter conhecimento e colocar em prática!Obrigada Fernando 🙂

  2. E como uma vez mais a dopamina está presente! =D Tenho uma questão a colocar: os prazeres acima descritos (sociais, sexuais, etc…) não são regulados pelo núcleo accumbens? E o vício, seja do tabaco, seja de drogas, seja de sexo, whatever, não cria dependência de dopamina? (Afinal era duas perguntas =P)
    Abraço
    Miguel Oliveira

    1. Olá Miguel,
      As suas questões não são assim tão simples de serem respondidas nem podem ser colocadas dessa forma… Mas acredito que no próximo ano o encontro no Mestrado de Marketing Relacional do IPL na cadeira de NeuroMarketing e terá a oportunidade de estudar isso com mais profundidade.
      Apesar do Núcleo Accumbens estar envolvido no ato de prazer, não é único nem pode ser encarado como botão de compra ou o que seja. O nosso encéfalo é um sistema mais complexo do que isso… E funciona como sistema!
      Além do mais a outra questão… O aumento do consumo de drogas (excepto os nicotinérgicos) proporcionam o disparo de circuitos dopaminergicos o que proporciona em si prazer… Porém estes neurónios adaptam-se e deixam de disparar com os mesmos estímulos (a monotonia VS a surpresa) e por isso precisam de quantidades maiores de drogas para obter prazer.
      Não é em dopamina que estão viciados, mas em prazer… E quando não têm esses níveis satisfeitos o organismo reage na sua busca. É este o problema das drogas… E como de trata isto? Com Fé… Mas isso vai dar outro artigo 😉
      Abraço e obrigado pela “comichão” mental…lol

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